Como já contei aqui neste espaço, sou coordenador regional de saúde adjunto do Vale do Taquari. Durante a pandemia de coronavírus coordeno os trabalhos do Comitê Operativo de Emergência (COE), tratando junto aos órgãos estaduais e municipais no desenvolvimento do plano contingência para enfrentar a Covid-19. Este plano prevê que medidas extremas sejam tomadas através de decretos de calamidade. O mais impactante e mais eficaz, segundo os órgãos de saúde, é o isolamento social.
Medida drástica que afeta totalmente no dia-a-dia de toda a população. Permanecer em casa sem convívio social, por mais que seja bom em alguns momentos, mas durante semanas ou meses, como se prevê, torna-se muito difícil. As pessoas acabam prisioneiras nas suas próprias casas e os problemas emocionais vão se agravando. O relacionamento familiar é imediatamente atingido. Por isso é preciso manter a calma e a racionalidade, sabendo que este afastamento momentâneo é necessário.
A importância de ficar em casa
Segundo recomendações da OMS e do Ministério da Saúde, a pandemia de coronavírus no Brasil vai exigir a disponibilidade de 30 leitos de UTI para cada 100 mil habitantes, no pico da infecção, entre os meses de abril e julho. Hoje, o SUS tem 10 leitos para cada 100 mil habitantes. Lembramos que a maioria dos atuais leitos do país estão ocupados atualmente por pacientes com outras doenças. Falamos aqui apenas da rede pública de saúde, sem considerar que as redes privadas deverão acrescentar aproximadamente 30% de reforço ao SUS, que mesmo assim é insuficiente.
Ou seja
Sabe-se que o coronavírus possui alto poder de contágio e dissemina-se em extrema velocidade. Uma pessoa infectada é capaz de transmitir para outras duas em média. Levando em conta que, cada paciente que necessitar de leito de UTI, deverá ficar internado de 10 a 14 dias, e se a população não tivesse parado de circular por algumas semanas, já estaríamos com lotação máxima das UTIs ainda no mês de abril.
Resultado do isolamento
A permanência das pessoas em casa está sendo fundamental para achatamento da curva ascendente de casos de Covid-19. Com isso as entidades e órgãos de saúde estão tendo tempo e estrutura para atender a todos que gradativamente vão adoecendo gravemente. Este tempo também está sendo preciso na montagem de mais leitos hospitalares, hospitais de campanha, centros de triagem, capacitação dos profissionais diante de uma nova doença, fabricação de equipamentos de proteção individual (máscaras, luvas e uniformes) e, no campo da ciência, a descoberta de remédios e vacinas para o combate.
Espere mais um pouco
Sabemos que o comércio precisa funcionar, os agricultores e indústrias precisam voltar ao trabalho imediatamente. Isso deverá acontecer respeitando as medidas de não aglomeração. Mas quem puder, principalmente idosos e crianças, fiquem em casa e ajude aos que não podem ficar. De forma separada estamos juntos em ações e pensamentos para vencermos esta "guerra" pandêmica. Um grande abraço a todos.
ESPAÇO ABERTO
EDERSON DA ROCHA
Jornalista MTE 13365