A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) recebeu, só neste ano, mais de 150 mil queixas sobre o atendimento das distribuidoras de luz. Foram mais de 213 mil queixas registradas em 2021; quase 192 mil em 2022; e mais de 150 mil até outubro desse ano.
Nos últimos dois anos a Aneel aplicou quase R$ 500 milhões em multas às empresas. Mas a insatisfação com os serviços prestados faz com que o setor esteja, desde 2016, entre os que mais geram reclamações na Plataforma do Consumidor do governo federal – situação que deve se agravar depois da tempestade seguida do apagão que deixou milhares sem energia em São Paulo por tempo demais.
Os donos de um bar em São Paulo que também promove eventos tiveram mais de R$ 30 mil de prejuízo com os dias sem energia. Festas de aniversário e muitas outras reservas foram canceladas. E eles contavam com esse dinheiro até para o décimo terceiro dos funcionários. Durante o apagão ligaram várias vezes para a empresa de energia, sem resultado. Reclamações que vão se somar a muitas outras Brasil afora.
Além de multas e advertências, a Aneel tem poder para avaliar e até intervir nas empresas e propor encerramento de contratos de concessão especialmente os mais antigos, com menor nível de exigências. Muito trabalho para uma equipe pequena.
“Nós temos que ter perspectiva que o Brasil é um país continental. A Aneel tem aproximadamente dez fiscais. O número é exatamente esse, dez fiscais de quadro próprio para fiscalizar mais de 100 distribuidoras no Brasil”, explicou Sandoval Feitosa, diretor-geral da Aneel.
Muitas equipes trabalhando – foi o pedido de muitos consumidores paulistas que ficaram no escuro. A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) diz que as empresas estão investindo em novas tecnologias capazes de identificar e religar a rede automaticamente, o que não é possível em casos de eventos extremos cada vez mais comuns.
“Claro que a substituição do poste, a recomposição de um cabo rompido necessita da presença humana sem dúvida nenhuma. Eu digo que nós precisamos e temos que discutir que, em função da quantidade de eventos como esse que vem ocorrendo, que talvez tenhamos que pensar em mecanismos diferentes. Mas hoje, a nível mundial, se você examina, existe infelizmente em eventos dessa magnitude um tempo que é maior no restabelecimento”, argumentou Marcos Madureira, presidente da Abradee.
A Aneel, que acompanha a situação em São Paulo, pediu rapidez no desconto dos dias sem energia nas contas e na indenização por danos em equipamentos.
Prejuízos
Os donos do bar vão pedir ressarcimento dos prejuízos. “A gente paga nossas contas direitinho, o mínimo é poder reaver um pouco disso né”, disse o dono do bar, Marcelo Alves de Lima.
Uma oficina perdeu uma semana de trabalho por causa da falta de energia. O prejuízo foi grande. “Em torno de R$ 60 mil. A gente não conseguiu alugar gerador, porque além de ter inflacionado, não tem no mercado. E a gente está vivendo um caos”, disse Rodrigo Figueiredo, empresário do setor automotivo.
Fonte: O Sul
Foto: Reprodução
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