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Energia elétrica furtada no país equivale ao consumo anual do Estado do Paraná


A quantidade de energia elétrica furtada no Brasil em 2020 por meio de ligações clandestinas seria suficiente para abastecer por um ano o estado do Paraná, o quinto mais populoso do país, com 11,5 milhões de habitantes. As distribuidoras estimam uma perda de receita de R$ 3,3 bilhões anuais com esse tipo de fraude, de acordo com dados da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).


O furto de energia elétrica, prática conhecida como “gato”, é um crime previsto no artigo 155 do Código Penal (furto qualificado, com pena de prisão de um a quatro anos e multa). Especialistas alertam também para o risco de curtos-circuitos, incêndios, eletrocussão e morte causados por incidentes relacionados aos gatos.


Entidades do setor e especialistas ouvidos pelo R7 afirmam que a prática ocorre em todas as camadas da sociedade – em locais de vulnerabilidade social, em endereços de luxo, no comércio e na indústria. Para combater esse tipo de crime, as empresas apertam a fiscalização e promovem a regularização de pontos de consumo clandestinos.


No Distrito Federal, por exemplo, a Neoenergia, distribuidora local, fez 33 mil ações de fiscalização neste ano e regularizou 21 mil pontos de consumo. De acordo com o gerente de Gestão de Receita da Neoenergia, Luiz Paulo Marinho, a companhia recuperou, de março a setembro deste ano, R$ 97 milhões em energia furtada – o equivalente a 150 GWh ou oito dias de consumo da capital federal, que tem pouco mais de 3 milhões de habitantes.


Na cidade do Rio de Janeiro, mais da metade da eletricidade distribuída para o mercado de baixa tensão, que inclui residências e comércio, é furtada. Dados da Light, distribuidora que opera no estado, mostram que, de julho a setembro, 53,8% da energia distribuída nesse segmento foi furtada. Por meio de nota, a empresa disse que fez, no período, 29.245 regularizações.


Riscos

Além dos prejuízos, os gatos oferecem riscos. Um levantamento da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) revela que 764 pessoas morreram no Brasil vítimas de incidentes com energia elétrica em 2020, das quais 237 relacionados à rede aérea de distribuição, 36 em postes de áreas urbanas ou rurais e 26 em incêndios por sobrecarga na fiação.


O professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB) Rafael Amaral Shayani destacou ao R7 que a prática do gato coloca o usuário em risco em diversas situações. Uma delas é na instalação. “O poste tem três fios em cima, de alta-tensão, de 13.800 W. Se a pessoa encostar, morrerá. Um pouco abaixo, tem quatro fios de 220 W. E são muito próximos da alta-tensão. Existe um risco de vida”, alertou.


Nas residências, o risco é de incêndios causados por curtos-circuitos. “A distribuidora coloca um disjuntor no relógio. Se tem um curto, o disjuntor cai. Ele para o curto. Quando você liga (a fiação) antes do medidor, se der um curto, não tem disjuntor, isso pode causar um incêndio na residência de quem fez o gato. E tem um dispositivo de segurança, o DR, um disjuntor diferencial residual. Quando alguém encosta no fio elétrico, ele desliga antes do choque. E, quando tem gato, não tem isso. O risco de eletrocussão é muito maior".




Fonte: Correio do povo

Foto: Divulgação/Arquivo Web

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