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Leite supera preço da gasolina e torna-se vilão da inflação


O leite se tornou o novo vilão da cesta básica do brasileiro durante as últimas semanas, quando o produto passou a ser encontrado nos mercados por valores de R$7 a R$10. Segundo dados coletados pelo Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat RS), o Brasil teve redução de 10,3% da sua produção no primeiro trimestre de 2022, em comparação a 2021. Por conseguinte, os seus derivados também tiveram aumento, como conta o gerente de compra da Cotrifred, Ivir Girardelo.


- Isso é uma comodity, por isso, quando sobe o leite, sobe toda a cadeia, como a nata, queijo, manteiga, todos vêm com preços elevados. Isso impacta o consumidor com um aumento realmente significativo, já que o preço praticamente dobrou nos últimos 60 dias. Quem está lá na ponta, quem vai pegar o produto da prateleira do mercado, é o mais prejudicado e não dá para ficar sem, já que é um produto essencial para crianças.


De acordo com o economista Nilson Luiz Costa, professor da UFSM/PM, o aumento é comum no inverno. “Calculamos a partir do histórico de preços do Conseleite e analisamos os últimos anos de 2008 até agora. Identificamos que existe um padrão sazonal no preço do leite. Em média, observamos que os preços nos meses de junho, julho, agosto e uma parte de setembro são acima da média. Isso porque são meses de inverno”.


Contudo, há outros fatores fora da convencional sazonalidade que explicam o aumento visto nas etiquetas. Girardelo destaca a seca que, “influenciou na reserva de alimento para os animais. Como caso da silagem, em que o milho não se desenvolveu e os produtores acabaram por ter que comprar ração, farelo e sais minerais. Isso resulta no impacto direto da elevação do custo”.


Variação de derivados lácteos de janeiro a junho de 2022 de acordo com o Sindilat RS

· Leite UHT - 57,81%

· Leite em Pó - 31,32%

· Queijo Muçarela - 48,35%

· Queijo Prato - 42,77%

· Leite Pasteurizado - 48,45%

· Bebida Láctea - 12,56%

· Iogurte - 6,62%

· Requeijão - 17,88%

· Doce de Leite - 14,72%

· Creme UHT/Nata - 33,83%

· Queijo Minas - 16,94%

· Outros Queijos - 35,86%


Produção de grãos

A estiagem que assolou o Sul do país tornou mais lucrativo para os agricultores exportarem sua produção, o que resulta no crescimento dos preços internos. Junto a isso, ainda há a guerra entre Rússia e Ucrânia, a primeira uma grande exportadora de fertilizantes e a segunda, de grãos.


- Se formos observar a partir do advento da pandemia de Covid-19, nós tivemos diversos aumentos de preços. Logo na sequência, com a guerra da Ucrânia e da Rússia, nós tivemos uma elevação ainda maior nos custos de produção, o que torna ainda mais difícil de aumentar a oferta do leite – explica Costa.


O economista cita fatores que favorecem a inflação. “O Brasil tem hoje uma economia afetada pelo aumento dos preços de fertilizantes e outras conjunturas que favorecem a inflação. Temos o ambiente político em uma crise institucional, o que deixa a taxa de câmbio em patamares bem superiores que os normais”, completa.


Girardelo lembra da contínua fuga do campo para os grandes centros urbanos. “Os produtores pequenos estão desistindo da atividade até mesmo pela sucessão familiar, onde ficaram aí as pessoas mais velhas e os filhos optam por outras atividades na cidade e acabam desmobilizando esse setor produtivo”.







Fonte: Folha do Noroeste

Foto: Divulgação/Web

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