
As perdas nos últimos anos na agropecuária no Rio Grande do Sul são tão robustas quanto sua representatividade na economia gaúcha. O Estado perdeu 40,6 milhões de toneladas de grãos e os produtores rurais deixaram de faturar R$ 106,5 bilhões, entre 2020 e 2024. Os números foram calculados pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) considerando os impactos de sucessivos eventos climáticos no período, nas culturas do arroz, do milho, da soja e do trigo.
Em função das perdas, a economia gaúcha deixou de gerar R$ 319,2 bilhões em termos de Produto Interno Bruto (PIB) segundo o levantamento realizado pela entidade. O resultado equivale a 49% do PIB do Rio Grande do Sul do ano de 2023. A base para os cálculos, conforme a Farsul, foram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
As perdas acumuladas evidenciam a vulnerabilidade do setor agropecuário gaúcho frente às mudanças climáticas e seus prejuízos econômicos expressivos atingiram outros setores da economia estadual. O impacto na indústria e serviços foi de R$ 215,2 bilhões e R$ 16 bilhões em impostos indiretos.
O economista-chefe da Farsul, Antônio Da Luz, destaca que o último ano de safra normal da soja, por exemplo, foi em 2021, quando a produção esperada e a obtida foram as mesmas: 20.420.501 de toneladas, respectivamente. Conforme o estudo da entidade, em 2022, a oleaginosa tinha uma previsão de produção de 21,3 milhões de toneladas e colheu apenas 9,3 milhões de toneladas. A perda foi de mais de 12 milhões de toneladas.
Da Luz defende que a agropecuária do Rio Grande do Sul tenha uma linha de crédito, financiamento e ou securitização diferenciados, pois nenhum outro estado do país tem tido ocorrências climáticas severas e recorrentes como os gaúchos. Além disso, pontuou que, enquanto o mundo todo incentiva a irrigação, as leis brasileiras não ajudam o produtor rural a reservar recursos hídricos.
O economista-chefe da Farsul, acrescenta à lista de necessidade de melhorias o sistema de seguros e o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro). “As coisas mudaram e precisamos nos adaptar”, reforçou, destacando que são os Estados Unidos, a China e os países da Europa os grandes responsáveis pela poluição e as mudanças climáticas.
Fonte: Correio do Povo
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